domingo, 17 de agosto de 2008

ampulheta II

nos grãos de areia que caem
meus pensamentos distantes
nas horas vazias se esvaem

se eu jurasse

tu acreditarias?
de joelhos eu juro
te amo mais a cada dia

no cinema

minha vida
tua vida
só uma cena

condão

das trinta e oito luas, o brilho
a espera e a beleza
de ter no colo um filho

na janela do ônibus

não é utopia
juntei palavras
fiz poesia

da infância

pandorga, pipa,
em sonhos além do céu
o menino acredita

poesia

palavras danadas
teimam em me acordar
de madrugada

quem me acorda

horário de verão,
o sabiá
não sabe não?

meteorologia

sol e chuva,
tristeza e solidão
que não deu na previsão

rotina

monotonia,
seguir a rotina
sem querer ter outro dia

da mulher

ela dizia não
é com sinceridade?
pensava ele então

lição

perto da morte
enxergamos omelhor
da vida

amar

meu melhor verbo
com paixão, só tu sabes
suavemente - conjugar

egoísmo

flores na janela
penso em ti
e o sol - nelas

meu sonho

ainda casulo,
imagina borboleta
em primavera

dilema

inspiração,
alegria da alma
amargura no coração

lobisomem

noite escura, infortúnio,
as nuvens encobrem
o plenilúnio

inverno

jardim branco de geada
pensamentos
na vidraça embaçada

infância

bolo de maçã
suco de maracujá
serei adulto amanhã

velhice

é lida
de fazer a vida
mais comprida

leis

comprovam os antigos escritos
tudo que é
já foi dito

verdades

inteiras, internas,
agradam nuas
e não somente tuas

prosódia

em versos
de suave melopéia
remo contra a corrente

contraste

sol forte, minha tela
revela o papel
da flor amarela

qualquer verso

todo poema
se for de amor
você é o tema

quietude

as dúvidas do coração
têm a longitude
da razão

gare

solidão
espera perdida
em outra estação

são joão

pipoca o coração
no calor da fogueira
beijo - quentão

secreta paixão

minha sombra
segue a tua
beija o vento, lambe a rua

no paraíso

amor ardente
ela maçã
ele serpente

na biblioteca

amor-ameaça
ela livro
ele traça

morfologia e sintaxe

amor gramatical
ele interrogação
ela ponto final

nauta

espera no cais
amor marinheiro
não volta jamais

lúdico

amor faz-de-conta
ela urdi
ele apronta

na obra

pedreiro e poeta
vira na massa vida e suor,
prédio pronto - poesia concreta

ser feliz

eternamente.
hoje mestre
amanhã aprendiz

na areia

amor e maresia
ele deseja em prosa
ela desfila em poesia

drama

troca de personagens
ele texto
ela imagem

teu corpo

vejo portas e janelas,
minha poesia
mora nelas

Quintana

poeta passarinho
na rua - cataventos
teu andar ora sozinho

confeitaria

boca doce de quindim
tua gula
é desejo - só para mim.

janelas

intensas e singelas
minha vida vai em dias,
dentro, ou fora delas

idade

se sou outono
um dia, todos verão,
primavera serei

plantio

irrigada paixão
brota viçosa
em arado coração

sereia

maré cheia
em praia sem lua
está só - areia